21 setembro 2007

As saudades que tenho de ti


Olá José!

Onde quer que estejas, espero que te encontres em paz.
Será que o sorriso que tinhas nos lábios quando partiste foi uma maneira de me tentares tranquilizar?
Nunca obterei resposta para isso.
Esperáste que olhasse para ti e caíste. Foi a tua despedida?
Dizem que a última coisa que se perde é a audição. Leváste contigo a minha voz, e a última coisa que te pedi foi para não me deixares. Mas tu, infelizmente,  já não tiveste força.
Estava agarrada a ti quando deixaste de respirar e sei que não sofreste.
Dizias-me que ficariamos juntos até que a morte nos separasse e o desejo foi cumprido. Nunca me disseste que iria ser tão cedo!
Estava mentalizada e preparada para todos os problemas de saúde que irias ter por causa da diabetes. Consegui "safar-te" durante estes anos todos. Mas, desta vez, a tua vida não estava nas minhas mãos e eu não estava preparada para ficar sem ti.
Passaram quase 16 meses e a dor que sinto não diminui.
Serei certamente a pessoa que mais tempo passou contigo,que te acompanhou ao longo de 26 anos, que te conheceu como ninguém, com todos os defeitos e qualidades, que partilhou contigo todas as alegrias e tristezas.
Muitas pessoas gostavam de ti e quiseram acompanhar-te no dia 27 de Maio. A essas, agradeço do fundo do coração.
Àqueles que, sei quem são mas não vou mencionar, tiveram atitudes menos correctas contigo, que foram ingratas e não souberam dar valor ao que fizeste por elas, tenho pena. Posso, mas não vou dizer o que penso àcerca delas. Se tiverem consciência, te-la-hão certamente pesada.
Os nossos filhos preferiram guardar de ti a imagem dum pai vivo, bem humorado, lutador, amigo e que sempre lhes deu tudo o que queriam. Aí erráste! eu agora não lhes posso dar o que os habituáste a ter. Ninguém é perfeito, certo? Estás perdoado e nós vamos sobreviver.
Os teus amigos e a tua família morreram quando tu partiste. Temos pena!
Esta casa tornou-se demasiado grande e muito, muito mas muito silênciosa!
Sinto-me só! É muito difícil viver sem ti! volta! vem dançar comigo na cozinha para os nossos filhos se rirem à gargalhada. Vem agarrar-te a mim. O papagaio já não tem ciúmes e não te vai morder. Vem comigo outra vez para Paraty.Prometo que não vou entrar nas lojas todas enquanto tu ficas a apanhar uma seca.
Volta!
O que tenho que fazer para voltares?!
Vou continuar a amar-te, mesmo que não me ouças!

Iva Marinho